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CINEMA, MÚSICA, PINTURA

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Denison Souza, arte-educador, escritor free lancer;

meu trabalho já foi publicado no Jornal do Recôncavo e Correio da Bahia

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Schoenberg por Denison Souza

I

 Arnold Schoenberg foi o maior gênio do século XX pós 1920 e eu vejo sua obra, como um todo, dividida em quatro fases distintas: Romântica Transfigurada, Expressionismo Atonal, Dodecafônico e Serial Americano. Compôs 51 obras completas e abaixo sinalizado com o simbolo *** podemos detectar as obras fundamentais de cada fase.
A fase que eu vejo como Pós-Romântica, primeira fase, onde o grande mestre da Segunda Escola de Viena, aluno do grande Zemlinsky, tenta de toda forma desfigurar a música romântica, indo mais longe que Richard Strauss e Gustav Mahler. A música é belíssima, muito superior ao que os russos tentavam fazer, mas, não é, de forma alguma, a melhor fase de Schoenberg. Surpreende - e muito - as obras Kammersymphonie Op. 9, a arrebatadora, suntuosa e famosíssima obra prima Noite Transfigurada Op. 4, as Canções Op. 3, a linda Pelleas und Melisande Op. 5, mas, sobretudo a obra prima maior: Gurre-lieder, a obra romântica desfigurada mais bela e espetacular de Schoenberg. Aliás, Schoenberg puxa muito para o canto, a voz. Não é a toa que compôs quatro óperas excelentes! Mas depois revela uma veia forte para a música de câmara. Nessa fase romântica transfigurada, Schoenberg continua um compositor tonal, apesar das ousadias harmônicas. Vai de 1898 até 1906. Os destaques estão marcados * ou obra prima e fundamental ***. 

1. Fase romântica transfigurada: 3 obras fundamentais
    2 Gesänge [2 Songs] for baritone, Op. 1 (1898)
    4 Lieder [4 Songs], Op. 2 (1899)
    6 Lieder [6 Songs], Op. 3 (1899/1903) *
    Verklärte Nacht [Transfigured night], Op. 4 (1899) ***
    Pelleas und Melisande, Op. 5 (1902/03) ***
    8 Lieder [8 Songs] for soprano, Op. 6 (1903/05)
    String Quartet no. 1, D minor, Op. 7 (1904/05)
    6 Lieder [6 Songs] with orchestra, Op. 8 (1903/05)
    Kammersymphonie [Chamber symphony] no. 1, E major, Op. 9 (1906) *
    Gurre-lieder (1901-11) ***

Na segunda fase, Schoenberg se apresenta com um atonalismo livre surpreendente e bastante expressivo. Com o segundo quarteto de cordas começa o atonalismo. Mas os primeiros movimentos da obra apresentam um tonalismo como antes; somente no final, ao entrar a voz solista junto com os quatro instrumentos de cordas, o atonalismo e o feroz expressionismo toma conta, anunciando a nova abordagem. A primeira obra inteiramente expressionista é o Estudo para teclado Op. 11. Pena que Jacobs's Ladder ficou incompleto, mas, o pouco que compôs foi gravado e está lindo. Em compensação, a linda e espetacular Herzgewachse Op. 20 é a coisa atonal mais linda já escrita no mundo. Sempre que se fala em Schoenberg, se fala logo em Dodecafonismo e esbarramos nas célebres Noite Transfigurada e Pierrot Lunaire, sendo que estas duas obras, verdadeiras obras primas, não são ainda dodecafônicas. Noite é da fase romântica transfigurada e Pierrot da fase atonal livre. Schoenberg ainda não tinha organizado um sistema de composição. Em Pierrot Lunaire ele foi longe demais no atonalismo. Escrevia de forma livre, como Stravinsky na fase de Sagração. Stravinsky não criou sistema algum de composição, Schoenberg criou, mas não levou até as ultimas consequencias, atitude que foi tomada por seu discipulo Anton Webern. Essa fase atonal livre é muito boa e eu destaco as obras excelentes, além das citadas acima, as maravilhosas obras: o monograma quase romântico Erwartung Op. 17, o Estudo para piano Op. 11 e as Cinco Peças para Orquestra Op. 16. Gosto muito também de Cinco Peças para piano Op. 23. Mas a obra que mais me emociona, que mais amo é a Serenade Op. 21, uma obra prima de câmara.

2. Fase expressionista atonal livre: 8 obras fundamentais
    String Quartet no. 2, F-sharp minor (with Soprano), Op. 10 (1907/08) ***
    Drei Klavierstücke, Op. 11 (1909) *** primeira obra completa expressionista
    2 Balladen [2 Ballads], Op. 12 (1906)
    Friede auf Erden [Peace on Earth], Op. 13 (1907)
    2 Lieder [2 Songs], Op. 14 (1907/08)
    15 Gedichte aus Das Buch der hängenden Gärten (15 Poems from The Book of the Hanging Gardens) by Stefan George, Op. 15 (1908/09) *
    Fünf Orchesterstücke [5 Pieces for Orchestra], Op. 16 (1909) *** expressão madura
    Erwartung [Expectation], monodrama in one act, [for soprano and orchestra], Op. 17 (1909) ***
    Die glückliche Hand [The lucky hand], drama with music, for voices and orchestra, Op. 18 (1910/13) *
    Sechs kleine Klavierstücke [6 Little piano pieces], Op. 19 (1911) *
    Herzgewächse [Foliage of the heart] for Soprano, Op. 20 (1911) ***
    Pierrot Lunaire, Op. 21 (1912) *** revolucionário
    Four Orchestral Songs, Op. 22 (1913/16)
    5 Stücke [5 Pieces] for Piano, Op. 23 (1920/23) ***
    Serenade, Op. 24 (1920/23) *** melhor obra de câmara da fase expressionista

Schoenberg teve um esgotamento criativo entre 1912 a 1920, depois de compor Pierrot Lunaire. Ficou sem acabar uma obra sequer entre 1912 a 1920. Ele tinha de criar um sistema teórico organizado e consistente para continuar compondo, não podia continuar criando musica de atonalismo livre. Era muito limitado! A fase mais famosa de Schoenberg, a fase Dodecafônica (dos doze tons), começa com a excelente Suite para Piano Op. 25. Com essa publicação ele estava lançando a teoria composicional mais polêmica de todos os séculos - destruindo mil anos de tradição. Quanto a música de câmara, essa fase está bem representada com o Quarteto para cordas n. 3, uma obra prima dodecafônica digna dos ultimos de Beethoven e dos ultimos de Bartók. O ponto alto desse sistema é sua Variações para Orquestra Op. 31. 

3. Fase Dodecafônica: 4 obras fundamentais
    Suite for Piano, Op. 25 (1921/23) *** Início do dodecafonismo
    Wind Quintet, Op. 26 (1924) ***
    4 Stücke [4 Pieces], Op. 27 (1925)
    3 Satiren [3 Satires], Op. 28 (1925/26)
    Suite, for septet, Op. 29 (1925)
    String Quartet no. 3, Op. 30 (1927) ***
    Variations for Orchestra, Op. 31 (1926/28) *** ponto alto do dodecafonismo
    Von heute auf morgen [From today to tomorrow] opera in one act, Op. 32 (1928)
    2 Stücke [2 Pieces] for Piano, Op. 33a (1928) & 33b (1931)
    Begleitmusik zu einer Lichtspielszene [Accompanying music to a film scene], Op. 34 (1930)
    6 Stücke [6 Pieces] for Male Chorus, Op. 35 (1930)

A última fase de Schoenberg é a fase americana, onde ele refina sua técnica e, invés de ir longe no dodecafonismo, como Webern fará, resolve usar a técnica serial e de doze tons envolvendo passagens tonais, tornando a música mais acessível. Chama atenção aqui as obras religiosas do velho mestre. E prefiro ouvir Kol Nidre do que Pierrot Lunaire hoje em dia. Gosto muito de Ode a Napoleão, mas a maior obra prima é o Trio para Cordas Op. 45. As obras mais significativas estão sinalizadas abaixo com o ***:

Fase serial americana: 4 obras fundamentais
    Violin Concerto, Op. 36 (1934/36)
    String Quartet No. 4, Op. 37 (1936)
    Kammersymphonie [Chamber symphony] no. 2, E-flat minor, Op. 38 (1906/39)
    Kol nidre for Chorus and Orchestra, Op. 39 (1938) *
    Variations on a recitative for Organ, Op. 40 (1941)
    Ode to Napoleon Buonaparte for Voice, Piano and String Quartet, Op. 41 (1942). ***
    Piano Concerto, Op. 42 (1942) ***
    Theme and variations for Band, Op. 43a (1943)
    Theme and variations for Orchestra, Op. 43b (1943)
    Prelude to Genesis Suite for Chorus and Orchestra, Op. 44 (1945)
    String Trio, Op. 45 (1946) *** maior obra prima da fase americana
    A Survivor from Warsaw, Op. 46 (1947) ***
    Phantasy for violin and piano, Op. 47 (1949)
    3 Songs, Op. 48 (1933)
    3 Folksongs, Op. 49 (1948)
    Dreimal tausend Jahre [Three times a thousand years], Op. 50a (1949)
    Psalm 130 "De profundis", Op. 50b (1950)
    Modern psalm, Op. 50c (1950, incompleto) 

Autor: Denison Souza

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